Foi visto que os problemas científicos não devem
referir-se a valores. Não será fácil, por exemplo, investigar se “filhos de
camponeses são melhores que filhos de operários” ou se “a mulher deve realizar
estudos universitários”. Estes problemas conduzem inevitavelmente a julgamentos
morais e, consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando os
propósitos da investigação científica, que tem a objetividade como uma das mais
importantes características.
É verdade que as ciências interessam-se também pelo estudo dos valores.
Todavia, estes devem ser estudados objetivamente, como fatos, ou como “coisas”,
segundo a orientação de Durkheim. Por exemplo, a formulação de determinado
problema poderá fazer referência a maus
professores. Essa expressão indica valor, mas o pesquisador poderá estar
interessado em pesquisar professores que seguem práticas autoritárias, não
preparam suas aulas ou adotam critérios arbitrários de avaliação. Trata-se,
portanto, em transformar as noções inciais em outras mais úteis, que se refiram
diretamente a fatos empíricos e não a percepções pessoais.
Embora o pesquisador deva procurar a objetividade, é importante reconhecer que
o processo de construção do conhecimento não é neutro. Não há como eliminar
completamente a subjetividade do pesquisador. Isto é particularmente verdadeiro
no campo das ciências sociais, onde o pesquisador se propõe a estudar uma
realidade da qual ele mesmo faz parte.
Fonte: Antonio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/ Antonio Carlos Gil. - 5. ed.- São Paulo: Atlas, 2010.
Fonte: Antonio Carlos, 1946- Como elaborar projetos de pesquisa/ Antonio Carlos Gil. - 5. ed.- São Paulo: Atlas, 2010.
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